quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A arte e o artista na sociedade

Cultura
por João Pereira da Silva
(Quadricultura – Associação cultural)


 

Em quase todas as épocas, quero crer, os artistas eram por missão ou vocação, arautos de um destino. Eram por força da sua arte, alguém que bulia com os sentidos das pessoas, que mexia com as consciências. No fundo, que abanava estados de alma.


Nos tempos que correm, será que é ainda missão dos artistas mexer com qualquer coisa?


Vem este intróito a propósito de um ensaio tornado livro e que me veio recentemente à memória, “A arte, o artista e a sociedade” de autoria de Álvaro Cunhal, editado em 1996 pela Caminho.

Duma forma sintética, Cunhal dizia que o artista e a sua arte têm uma função social e política na sociedade. Colocava a tónica numa dimensão contrapontística, entre a ética e a estética, na contínua dicotomia entre o Belo e o seu valor estético e a realidade social na obra de arte.

A arte como forma de intervenção na sua inesgotável diversidade, e que …”Constitui também um direito à liberdade que um artista parta à descoberta de novos valores formais (da cor, do volume, da musicalidade, da linguagem) com o propósito de os tornar adequados e capazes de levar à sociedade, ao ser humano em geral, uma mensagem de alegria ou de tristeza, de solidariedade ou de protesto, de sofrimento ou de revolta, em qualquer caso, como é de desejar, de optimismo e de confiança no ser humano e no seu futuro”. (da obra, pg. 21)

“Arte é liberdade. É imaginação, é fantasia, é descoberta e é sonho. É criação e recriação da beleza pelo ser humano e não apenas imitação da beleza que o ser humano considera descobrir na realidade que o cerca". (pg.201) “ (...) É bom que jamais percam a necessidade e o gosto de escrever, de pintar, de tocar um instrumento, de mesmo em silêncio, sem assim se chamarem, continuarem a ser artistas". (pg.202)

Na voracidade das sociedades contemporâneas e capitalistas, por ditames “superiores”, parte significativa do que se convencionou chamar de arte, virou outra coisa. Virou produto. Algo que é feito para se comprar e ser consumido. E será que toda a arte é assim? Serão todos os artistas uns vendilhões? Ou há produtos que se vendem e que nada têm que ver com arte?

Ainda que os livros, os discos, os filmes, as peças de teatro, sejam para ser vendidos, será toda a arte somente um produto? Ou ainda, fará sentido dizer como José Mário Branco que a cantiga é uma arma, ou como Manuel Alegre que o poema é de combate!

Numa visão de esquerda mais militante, seguramente que sim. Numa visão diametralmente oposta, claro que não.

Apesar de tudo, ainda que as sociedades sejam de mercado, onde tudo se compra e tudo se vende, há ainda artistas que vão contra a corrente. Há ainda uma arte que não cede ao establishment. Quero acreditar que a poesia é uma dessas “regiões”, onde a impenetrabilidade das regras de mercado, é lei. E assim é certamente para outras formas de arte.

A arte é, por sinónimo, exaltação de sentimentos. De mensagens, directas ou subliminares. Há coisas que lemos, ouvimos, vemos e que com a mais cândida das expressões dizemos: - “Isto é o que eu penso. Isto é o que sinto. Mas curioso, não era capaz de o fazer. Agora que vejo feito, parece-me simples”. E esta é também a magia da arte. De tornar simples ou visível o que não vemos, ou não nos apercebemos num primeiro olhar. Por isso a arte é sempre reflexiva. E quando assim não é, é porque a sua dimensão vai para lá da reflexão e ultrapassa o onírico ou o transcendente.

Quero por isso acreditar, que ainda há arte que é feita de paixão. De momentos em que o artista “transpira” somente o seu estado de alma. Em que mergulha no mais profundo da sua sensibilidade e exterioriza o que o comum dos mortais percebe mas que jamais conseguiria fazer.

A este estádio devemos chamar arte. E ao seu autor – o artista.

ARTE E SOCIEDADE

A dimensão global da arte possibilita que, por seu intermédio, diferentes dimensões humanas possam se expressar e ser investigadas. Se de um lado o histórico e o cultural estão presentes, ao mesmo tempo as questões do mundo psíquico e filosófico também interrelacionam - se. Este conceito de arte, faz com que ela seja considerada um caminho para a interdisciplinaridade.
Para alguns autores, como Ernst Fischer (1981), “a arte é uma necessidade social... e não pode desaparecer do convívio humano sem prejuízo para a humanidade.” Herbert Head (1992) diz que “antes de ser social a arte é uma necessidade biológica...o artista não pode renunciar a sua prática, nem o público ao seu convívio sem prejuízo.” Sendo assim, a arte faz parte da sociedade e é patrimônio de todos, que devem conhecê-la, fruí-la e por que não fazê-la. Plekhanov destaca que a arte “deve contribuir para desenvolver o conhecimento humano e melhorar a estrutura da sociedade” (1997, p.1).
Ao adentrar – se na complexidade do universo da arte, o indivíduo com necessidades educacionais especiais pode trabalhar os seus sentimentos em relação à sociedade, que, na maioria das vezes, o discrimina ou segrega, devido aos preconceitos e ao estigma. O trabalho com arte é capaz de transformá-lo em um ser humano socialmente ativo, com uma auto - estima positiva e uma função social determinada.
Estudos têm demonstrado como a arte poderá ser deflagradora do potencial latente em cada pessoa, por meio do desenvolvimento da imaginação, da criatividade e de suas potencialidades. Ela enriquece a realidade historicamente construída, tornando-a cada vez mais humana.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

o workshop -O Conselho de todos os seres

o workshop o Conselho de todos os seres é um ritual e também uma serie de exercicios no qual as pessoas vão falar em nome de uma outra forma de vida numa expressão espontânea que visa aumentar a consciência da nossa interdependência no organismo vivo da Terra, serve também para nos ajudar a reconhecer e dar voz ao sofrimento do nosso mundo e para nos ajudar a experimentar a força da nossa interconexão com toda a vida . O Conselho de todos os seres não envolve canalização nem metamorfose ou qualquer capacidade além da imaginação .e da criatividade