domingo, 18 de dezembro de 2011

AS TRES ECOLOGIAS



Quais as razões profundas, as ultimas conhecidas da poluição ambiental? O que é que faz o ser humano se suicidar progressivamente e sorrateiramente? A maioria das pessoas até hoje pensa a ecologia nas suas manifestações externas, isto é nos seus aspetos ambientais. Por de traz da ecologia ambiental, tem causas mais profundas, sociais e individuais. Daí a idéia de três ecologias: Individual, social e ambiental. Eslas são indisoluvelmente relacionadas.

Até agora as respostas divulgadas para o público são verdadeiras, correspondem á causas reais e indiscutíveis. Todo mundo já conhece a palavra e o significado do efeito estufa. Todo mundo conhece também a causa principal deste fenômeno que ameaça a calota polar de degelo com subida progressiva do mar e inundação de vastos fragmentos de continentes. Não se trata de fantasias de ecologistas, pois a calota polar até o próprio pólo norte afinou á tal ponto que um navio quebra gelo chegou ata lá com a maior facilidade, sem encontrar resistência; isto seria inimaginável ainda há uns dez anos.

Há uns vinte anos atrás ecologistas de renome tinham tendência á predizer catástrofes apocalípticas. Tudo indica que a destruição está chegando, mas de modo lento e invisível, o que aumenta ainda mais o seu perigo: o que são alguns centímetros do mar ou alguns degraus de temperatura em vinte anos?

Alem disto, as razões mais profundas não foram reveladas. Não me refiro ao desmatamento perverso da Amazônia ou á manutenção da gasolina como combustível poluente. Refiro me ás razões psicológicas que fazem parte do que já se costume chamar de Ecologia Interior. Os estudos que realizamos na Unipaz permitiram reconstituir a gênese do processo de destruição da vida no Planeta. Ela começa em cada um de nos por uma miragem, uma ilusão de ótica, que chamamos de fantasia da separatividade. Fomos educados para distinguir o mundo exterior de nos, criando uma dualidade entre o sujeito que olha para a natureza e os objetos ou pessoas e ele mesmo. Isto é apenas uma visão relativa aos nossos cinco sentidos. Sabemos hoje como evidência científica que, num outro plano perceptivo, o da microfísica, tudo é feito de energia, da mesma energia em manifestações diferentes.

Por causa desta ilusão nos apegamos á tudo que nos causa prazer e nos tornamos possessivos de coisas e de pessoas. Isto é verdade para uma simples flor que lhe agrada, mas é verdade também para os madeireiros que exploram as florestas. Eles acham que a natureza está fora deles e pode ser explorada ao belo prazer.

Do mesmo modo está o caso da exploração do petróleo; como faz parte da natureza vista como exterior e que dá bons lucros, continua se á extrair e consumir o petróleo, mesmo sabendo que estamos nos suicidando.

Ora sabe-se hoje que, no caso dos carros, a gasolina pode ser substituída pela energia solar. Este carro já está sendo produzido nos USA, rodando numa velocidade razoável de 8O km/h. Num pais ensolarado como o Brasil, tal medida seria uma dádiva do céu, baixando o custo do transporte á níveis irrisórios e preservando a nossa saúde com um meio não poluente. O Brasil já se mostrou capaz da proeza de mudar de combustível quando introduziu o álcool, e foi o único no mundo á faze - lo, realizando apreciável economia de divisas para o pais, embora empobrecesse os solos com isto.

Outro dia, depois de uma palestra minha na Petrobrás sobre as três ecologias, em que advogava esta solução para um grupo de engenheiros, ao ser perguntado por mim sobre a viabilidade da Petrobrás incentivar o sistema solar, um deles me respondeu:
Tecnicamente é perfeitamente possível; depende apenas de uma decisão política.

Li com muita alegria, a notícia de que, diante dos problemas causados pelo apagão, a Petrobrás, foi encarregada oficialmente pelo governo, de introduzir no Brasil, novas tecnologias não poluentes. Petrobrás: Mãos á obra! A nossa saúde e a nossa vida e dos nossos filhos está nas suas mãos!


Pierre Weil